Estreou em outubro de 2010 no Teatro do Jockey, obtendo êxito de público e crítica.
A peça é baseada em materiais de pesquisa reunidos por Adriana Schneider, ao longo de 14 anos de trabalho na Zona da Mata pernambucana sobre o mamulengo e o cavalo marinho.
A dramaturgia é construída a partir de depoimentos do mamulengueiro, barbeiro e cantador de romances Severino da Cocada.
No encontro com Severino da Cocada, em agosto de 1999, ele abriu uma das páginas em branco de sua caderneta, onde anotava as dívidas dos fregueses da barbearia, adotou uma postura épica com o dedo em triste e, lendo nas páginas vazias, pôs-se a cantar, durante 16 minutos, sem parar e de memória, “O romance da princesa do reino do mar sem fim”, de Severino Borges da Silva, grande poeta popular e violeiro de cantoria, de Timbaúba, falecido em 1991.
O folheto traz a fabulosa história da princesa Elizabete, filha do rei do Mar Sem Fim, que se livra de um encanto graças ao heroísmo do valente Adriano. O épico da história nos remete a textos clássicos, como “A Odisséia”, de Homero.
A dureza do trabalho na cana-de-açúcar, peculiar à Zona da Mata é desaguado em farto manancial de imaginação. A construção da cena envolve diversos elementos de animação, bonecos, objetos e imagens.
A realização d’ O Reino do Mar Sem Fim contou com a consultoria do premiado Miguel Vellinho, especialista em teatro de animação, e do músico Kiko Horta, do Cordão do Boitatá, que compôs as músicas originais do espetáculo.
O projeto conta também com a exposição O REINO DO MAR SEM FIM, que reúne bonecos de mamulengo do acervo particular de Adriana Schneider, dando ao público a chance de navegar no universo do teatro de mamulengos e seus mestres. Vinte e cinco obras são expostas em estruturas de bambu construídas especialmente para a ocasião. Textos e fotos complementam a mostra.
O Reino do Mar Sem Fim principia com Severino da Cocada contando a sua história e falando da sua relação com as brincadeiras populares da Zona da Mata. Depois, quando ele anuncia ao público que vai cantar o romance, uma cena onírica, rica em imagens, transforma poeticamente a linguagem do espetáculo.